segunda-feira, 8 de junho de 2009

\o/ Formatura \o/


Não adianta disfarçar, a saudade já aperta. Viramos molduras de um
tempo inesquecível e sem volta. Ficam os ensinamentos, os amigos e as
lembranças que estão gravados como um refrão, sempre pedindo bis. Não
pode parar!


Estou pronto pra me livrar da lei da gravidade e dar saltos mais
altos, rumo ao infinito. Nesses quatro anos de convívio intenso, entre
personalidades fortes e diferentes, formamos uma família. O tempo nos
fez amigos e como vinho novo é bom deixar a amizade envelhecer. Como
diz o poeta, não pode parar. Nesse processo crescente os mestres e os
amigos de longa data também foram essenciais para esta luta. Assim
como meus familiares, em especial minha mãe.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

É de Família


A cabeça de Battisti

O carrão preto, motorista de libré, parava na porta da embaixada do Brasil em Roma, na Piazza Navona, em 90 e 91. Descia um senhor baixo, 80 anos, terno escuro, colete cinza, camisa branca e gravata. Um dos homens mais poderosos da Itália, conde do Papa, banqueiro de Deus, ia buscar-me para almoçar, a mim, pobre marquês, adido cultural.

Íamos aos mais discretos e charmosos restaurantes de Roma, com os melhores vinhos da Itália. Às vezes, o almoço era no palacete dele, na Vila Archimede, no alto do Gianicolo ou, em um domingo de sol, em sua casa na serra, em Grottaferrata, a poucos quilômetros de Roma. Simpático, vivido, o conde Umberto Ortolani era uma figura “ambígua, misteriosa” (como dizia o “La Republica”). Mal falava, só perguntava.

Dele eu sabia que era conde da Santa Sé,“gentiluomo di sua Santitá”, banqueiro do Vaticano, sócio-diretor do jornal “Corriere de la Sera”. Havia conhecido num vernissage no Masp, em São Paulo, em 84, apresentado pelo jornalista e editor José Nêumanne, do “Estado de S. Paulo”.

Ortolani

O que ele queria de mim? Queria o Brasil. Queria que eu convencesse o embaixador Carlos Alberto Leite Barbosa a convencer o Itamaraty a lhe entregar um novo passaporte, pois tinha cidadania brasileira dada pela ditadura militar a pedido dos Mesquita do “Estado de S. Paulo” e os dois que tinha, o italiano e o brasileiro, o governo italiano lhe tomara ao descer em Roma, depois de oito anos asilado no Brasil.

Impossível. Quem tomou o passaporte foi o governo italiano. O Brasil nada tinha com aquilo. Mas ele achava que, insistindo, talvez conseguisse.

Queria fugir de novo. Ou não tinha companhia melhor para sua conversa admirável sobre a política italiana e seus magníficos vinhos.

Levou-me a seu escritório na Via Condotti, 9, em cima da Bulgari :

- Desta sala saíram sete primeiros-ministros: Andreotti, Craxi etc.

Um livro

O conde é uma história exemplar do satânico poder dos banqueiros, mesmo quando, como ele, um banqueiro de Deus, vice-presidente do banco Ambrosiano, do cardeal Marcinkus, até hoje foragido nos Estados Unidos.

Os que criticam, inteiramente sem razão, o presidente Lula e o ministro Tarso Genro, por terem dado asilo político ao italiano Cesare Battisti, deviam ler um livro imperdível: “Poteri Forti” (“Fortes poderes, o escândalo do Banco Ambrosiano”), do jornalista italiano Ferruccio Pinotti, abrindo as entranhas do poder de corrupção do sistema financeiro, de braços dados com governos, partidos, empresários, maçonaria, máfia.

Em junho de 1982, foi encontrado estrangulado em Londres, embaixo da “Blackfriars Bridge” (“a ponte dos Irmãos Negros”), o banqueiro italiano Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano, que acabava de quebrar, e tinha como diretores o cardeal Marcinkus, o conde Ortolani e o chefe da P-2 italiana (maçonaria), Licio Gelli.

Mãos Limpas

Nos dias seguintes, na Itália e na Inglaterra, apareceram assassinados vários outros ligados a Calvi. (Não é só em Santo André que se limpa a área.) No meio da confusão estava Ortolani, um dos quatro “Cavaleiros do Apocalipse”. Quando, a partir de 90, a “Operação Mãos Limpas” chegou perto deles, o conde, olhando Roma lá de cima do Gianiccolo, me dizia:
- Isso não vai acabar bem.

Depende o que é acabar bem. O Ministério Público e a Justiça enfrentaram a aliança satânica, que vinha desde 45, no fim da guerra, entre a Democracia Cristã e a máfia italiana. Houve centenas de prisões, suicídios. Nunca antes a máfia tinha sido tão encurralada e atingida. Responderam com bombas detonando carros de procuradores e juízes. Mas os grandes partidos políticos aliados (Democrata Cristão, Socialista, Liberal) explodiram. O Partido Comunista, conivente, se desintegrou. E meu amigo conde, condenado a 19 anos, morreu em 2002, aos 90 anos.

Negri e Battisti

A “Operação Mãos Limpas” não teria havido se um punhado de bravos jovens valentes e alucinados, das Brigadas Vermelhas e dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) não tivesse enfrentado o Estado mafioso.

O governo, desmoralizado, usava a máfia para eliminá-los. Eles reagiam, houve mortos de lado a lado e prisões dos líderes intelectuais, como o filósofo De Negri (asilado na França) e o romancista Cesare Battisti (asilado na França). Estava lá, vi, escrevi, acompanhei tudo.

Foram eles, os jovens rebeldes das décadas de 70 a 80, que começaram a salvar a Itália. Se não se levantassem de armas na mão, a aliança Democracia Cristã, Partido Socialista, Liberais e máfia estaria lá até hoje. Berlusconi é o feto podre que restou, mas logo será expelido.

Salomés

O corrupto Chirac, a pedido de Berlusconi, retirou o asilo político de Battisti, que o Brasil agora lhe deu. Tarso Genro e Lula estão certos. O problema foi, era, continua político. O fascista Berlusconi (primeiro-ministro) é apoiado pelo desfrutável velhinho comunista Giorgio Napolitano (presidente) que se escondeu quando o juiz Falcone (assassinado) e o procurador Pietro (hoje no Parlamento) fizeram a “Operação Mãos Limpas”

Não têm autoridade moral nenhuma. Por que não devolveram Caciolla, o batedor de carteira do Banco Central, quando o Brasil pediu?

As Salomés de lá e de cá querem entregar a cabeça de Battisti à máfia.

Sebastião Nery - Colunista do Tribuna da Imprensa

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

I CAMINHADA ALCÓOLICA DE MURIAÉ!!!


É MARA!!!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Engraçado!

Rir é bom, mas rir de tudo é desespero!


"Algumas idéias eu não entendo de onde vieram. Fumar por exemplo. De onde o cara tirou a idéia de fazer um cigarro? O cara não tava fazendo nada, olha pra uma planta e pensa: Será que se eu pegar a aquela folha botar pra secar, cortar em pedacinhos enrolar numa outra folha queimar, chupar a fumaça engolir e soprar... vai ser legal?"



Cláudio Torres Gonzaga - roteirista

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A receita da vida


Se passou um ano, doze meses que ganharam a intensidade do percurso dos 150 milhões de quilômetros que separam a Terra do Sol. É aí que devo procurar por você? Nas estrelas?

Saudade do teu sorriso e de nossos conflitos, de meu ciúme incontrolável, mas que era doce como um bolo de chocolate. Talvez eu tenha errado ou esquecido alguns ingredientes da receita, mas nunca o modo de preparo.

Um ano sem ter aquele abraço depois de levar um pito; dos gritos impacientes me mandando encher o vidro d’água; do almoço delícia de domingo... Isso era meu recheio. Tanto tempo que vivo neste vazio, envolto apenas por uma cobertura de lembranças. A vida é assim, vai-se aos poucos a cada vez que perdemos um ente querido.

A vida trapaceia com a gente! Leva aqueles que amamos muito depressa e não dá oportunidade de se despedir. O seu presente estará sempre na memória, nas histórias em que é a protagonista, nossa estrela.

Lutou, brigou e conseguiu a paz antecipada. O bom é ter na consciência que realizou grande parte de seus desejos e vontades, o que nos conforta e emociona fazendo brotar sorrisos e lágrimas. Que sentimento é este que nos faz sorri e chorar? A única certeza que tenho é que apenas aqueles que chegam onde está podem transmitir.

É, né? Se foi e levou com você seu abraço, seu beijo, seu carinho. Muito ingrata a senhora! Agora tenho que esperar por você em meus sonhos para que eu possa, mesmo que em um instante, te olhar, tocar...

Não acredito que a morte seja boa, do contrário os deuses não seriam imortais!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Brinde de sangue



Ano após ano a história continua a mesma, mudam apenas os personagens, que são impossíveis de serem escalados para um remake de acidentes fatais nas estradas mineiras. O estado com a maior malha viária do país, torneada de péssima sinalização, estrutura e calçamento, é controlada por apenas 800 policiais rodoviários. Em um trabalho que são obrigados a fiscalizar os 10 mil quilômetros de estradas, mais os desdobramentos em funções administrativas. Ou seja, um membro da equipe a cada 1.250 quilômetros. Cerca de 12 horas e 30 minutos um do outro se percorrerem o caminho a 100 km/h em linha reta. O que para Minas é impossível!


O governo prometeu a contratação de mais 3 mil homens para o país, que deveria para ter acontecido no último grande feriado deste primeiro semestre. Mas parece que a intenção é comemorar o feito como presente de Natal, assim, diminuir as trágicas estatísticas do ano na virada ao lado de uma garrafa de champagne. Na prorrogação da semana, com o Corpus Christi, novos recordes foram batidos, contudo, dessa vez muitos brasileiros não comemoraram. Vinte e duas pessoas perderam a vida nas BRs mineiras, mais que nos cinco dias de carnaval. Uma incoerência entre a festa da renovação de Cristo e a festa do pecado.


No dia mais crítico, o que registrou maior número de mortes, foi justamente o escolhido pelos policiais rodoviários para protestar por salários e aumento no efetivo. Coincidência? O número de mortes nos feriados prolongados deste ano vinham caindo desde o Carnaval: 19; 11; 10; 8; e agora 22 vítimas. Culpa das 24 horas de paralisação parcial? É o que apontam os dados, mas o único caminho há escolher em um país cheio de jeitinhos e sem bifurcações para profissionais que arriscam suas vidas nessas estradas perigosas. O jeito é agir sob pressão, que é pouco usada e de direito. Uma forma valorizar os esforços diários de uma classe de brasileiros que é acusada à preço de banana.


Hoje, após o impacto causado pelo movimento, o governo decidiu atender as reivindicações. O acordo, feito em março, previa a exigência de diploma de nível superior para os novos policiais e parcelas de reajuste salarial para o mês de julho. Articulosamente planejada, uma medida provisória prorrogou para novembro o acréscimo nas cifras dos federais, o que aponta um novo suspeito nessa trama de elevados o índices de vítimas em um único capítulo que nunca haverá fim. Porém, os quatro meses, parece, fariam a diferença para que no Reveillon o brinde dos números não fosse com um simples espumante.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Devaneio etílico



Meu professor sempre disse que devemos estar preparados para todos os tipos de imprevistos com essas invenções modernas. Tipo se temos algo gravado no computador, têm que ter outro em um CD ou coisa do gênero. Melhor ainda se for por escrito e arquivado em uma gaveta.


Eu achava a coisa mais inútil do mundo. Tipo: pra quê ter uma agenda telefônica convencional se eu posso ter infinitos números na memória do celular? Particularmente, não consigo mais viver sem celular, são anos luz de praticidade. Não precisa de decorar números, anotar... nada! Um simples toque, a gente coloca o nome da pessoa e já podemos estabelecer uma conexão. “Não sei se iria sobreviver à base de agendinha de papel. Que coisa arcaica!” Eu dizia. Mas isso era antes daquele dia... Nossa, e que dia! Nem consigo lembrar, por vergonha e pela cachaça. Oito doses, mais limão e sal! O famoso “cu de burro”. Fiquei bêbado por menos de cinco reais e perdi a festa que paguei 25. Uma troca justa, não acha?


Bem, mas vamos começar do início, que vocês vão passar a ter noção do que é uma noite alucinante, pelo menos pra mim. Era sexta-feira da paixão, pegamos – eu e mais quatro, duas eram mulheres, uma era irmã de um dos meus amigos, outra minha prima - o carro do pai de um dos meus amigo emprestado e fomos curtir a night. Todos estavam quebrados. Fui a vítima da vez para encher o tanque e massacrar meu limite no banco. Sem dinheiro e para aproveitar a festa o máximo possível o jeito seria ficar tonto para conhecer o maior número de meninas possível. Aí vieram as doses brancas, amarelas... A cor que viesse era lucro. Por oitenta centavos parecíamos estar na vantagem. O vendedor dizia “nem eu agüento beber o tanto que vocês estão virando!”. O sábio aqui revidava: “Somos profissionais experientes!”


Até aí tudo bem, mas o efeito veio logo. O meu parceiro fiel na cachaça já dava sinais de desistência quando resolvi comer alguma coisa. De repente o efeito vem á tona e derruba ele. O meu outro amigo, não bebeu por que estava cumprindo a penitência do dia. As duas escandalosas começam a se desesperar. Chamou o Raul! Pronto, acabou a festa! E eu, ainda estava apenas começando. O jeito é levar o demente para tomar glicose. O carro estava lá na PQP, então entra todo mundo no táxi. “Quatro no máximo!”, grita o motorista. Alguém tem que se fuder, né? Foi eu! Fiquei plantado esperando a volta DOS MEUS AMIGOS. Não sei quanto tempo depois, o jeito foi ligar pra um deles. Merda! Celular sem bateria! Era o que faltava para completar a minha noite perfeita.


Até aqui, só me recordo de flash’s, ou pelo ódio, trauma de me abandonarem ou pelo álcool. Prefiro acreditar que seja a segunda opção. Já devia beirar às duas da manhã e eu estava ali incomunicável. A partir daí, nascem duas linhas históricas do fato, a minha e a deles. Até hoje não sei em quem acreditar. Para eles aconteceu o seguinte: eu os esperava onde o carro estava estacionado, todos chegaram com o camarada arrebatado. Depois de pagarem por uma dose de glicose no posto de saúde, ele ainda passava mal. Eu como amigo queria ajudar, aí me tiravam de perto por que eu estava supostamente bêbado. “Odeio que me chamem de bêbado! Um pouco alterado até que vai, mas bêbado? Bêbado é aquele que fica jogado na calçada pedindo dinheiro pra comprar pão quando a padaria está fechada!” Enfim, disseram que fiquei putinho e saí correndo dali. Dalí!!! O cara dos relógios moles, exatamente do jeito que estava meu amigo: mole como um relógio de Dali! Se eu fosse poeta faria sucesso com um raciocínio deste, mas como eu sou um bêbado, né?


Voltando ao assunto. Na versão deles, saíram atrás de mim, rodaram por toda cidade me procurando e não me acharam, com isso me largaram perdido em uma cidade onde não conheço ninguém, ou quase, bêbado. Engraçado, né? Eu deveria estar brincando de pique esconde quando me procuraram.


Minha versão é mais coerente! Depois de ficar horas plantado esperando alguém me buscar após ser abandonado pelo táxi, decidi ir até o local onde estava o carro. Cheguei lá e surpresa: nada! Abandonado? Imagina, apenas me desesperei! Toda aquela incrível pressão psicológica, as perguntas do lead vieram na minha cabeça, mas não havia resposta lógica. Me senti um bêbado neste momento: sem teto, sem leito, sem amigos... Só não tinha ninguém para pedir dinheiro e comprar pão de madrugada para ficar completo. Um cartão telefônico em mãos, porém, sem utilidade. Não sei o número de ninguém de cor, só o da minha prima retardada que não anda com celular. O que pela lógica hoje em dia é o mesmo que sair pelada pela rua. Depois de muito tempo vagando sozinho pelas ruas desertas e gélidas daquela pequena cidade interiorana, uma pessoa conhecida. Sim, ela era conhecida. Uma amiga da minha prima que eu conhecia de vista, era minha salvação. Incorporei o Tony Ramos em mim e comecei atuação aos prantos: “Por favor me ajude fulana, meus amigos me abandonaram aqui sozinho, com frio, com fome, sem ninguém”. Ela retribuiu o abraço, ou seja, acreditou no choro, ou era dó realmente pela situação. Ligou pra minha casa, o único número que eu sabia de cor e avisei pra minha mãe que passaria a noite ali. Foi a salvação da minha vida!


Mas ainda tinha um problema, eu não podia dormir na casa da menina, eu era um estranho. Ela disse hotel, pensei “hotel não, hotel não!” Mas o namorado da menina morava lá na cidade, chegamos na praça e ele descolou a casa de um amigo dele pra eu passar a noite. “ÊÊÊÊÊ!” Depois de tudo isso já foi o suficiente para recobrar a consciência e dar conta de que eu havia sido abandonado. Talvez se eu tivesse escutado meu professor deste o início e andasse com uma lista de telefones – como esta – na carteira, poderia ter sido tudo diferente. Mas foi um momento incrível, eu poderia escrever um livro, um conto, uma peça de teatro e ganhar dinheiro com esses meus devaneios etílicos. Garçom, o troco é seu! Já estou até vendo nas prateleiras: “Nunca fiz amigo bebendo leite”, ou “Quatro doses de mim”, quem sabe “Um gole de poder”...